Polarização. Crise sanitária e econômica. Proliferação de notícias falsas. No último ano, a pandemia de Covid-19 alterou as perspectivas e os medos das pessoas, que não sabem em quem ou no que confiar. 

Nesse contexto, as empresas surgem como as únicas consideradas confiáveis, competentes e éticas no Brasil, o que gera uma enorme responsabilidade e novas possibilidades para que suas lideranças atuem em movimentos de mudança em benefício da sociedade como um todo.

A 21ª edição do estudo global Edelman Trust Barometer, que ouviu mais de 33 mil entrevistados em 28 países (1.150 no Brasil), com trabalho de campo realizado entre 19 de outubro e 18 de novembro de 2020, revela os impactos da pandemia e da infodemia na confiança nas instituições, o que as pessoas esperam das empresas e como as lideranças devem atuar nesse cenário de incertezas.

EMPRESAS EM DESTAQUE

Das instituições pesquisadas, as Empresas são as mais confiáveis globalmente e no Brasil. No país, as Empresas (61%) estão à frente das ONGs (56%), da Mídia (48%) e do Governo (39%) e são as únicas consideradas confiáveis. As ONGs, que perderam três pontos em relação ao ano passado, encontram-se no patamar da neutralidade, enquanto Mídia, mesmo com aumento de 4 pontos, e Governo, com aumento de 2 pontos, seguem no nível da desconfiança. Além disso, as Empresas são as únicas consideradas competentes e éticas ao mesmo tempo pelos brasileiros. 

“Nos últimos meses, o setor privado elevou sua credibilidade com a proatividade na luta contra a pandemia e com a descoberta de novos jeitos de trabalhar”

ana julião, gerente geral da edelman brasil

A CONFIANÇA É LOCAL

O estudo revela que o “meu empregador” (79%) continua sendo mais confiável do que as quatro instituições. “As pessoas estão muito mais propensas a confiar no que lhes é familiar e local, caso do ‘meu empregador’ e do ‘CEO do meu empregador’, esse último com 66%”, ressalta Natalia Martinez, vice-presidente executiva da Edelman Brasil. “E, isso aumenta a responsabilidade e abre oportunidades para empresas e CEOs liderarem movimentos positivos de mudança”, completa. 

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MEDOS E VACINAÇÃO 

A pandemia contribuiu para o medo das pessoas, mas pegar Covid-19 (72%) não é a maior preocupação. Seguindo uma tendência global, uma porcentagem ainda maior está preocupada em perder o emprego (88%) e com a perda de liberdade civis (73%). Ainda assim, o receio de contrair o vírus é o principal motivo para que as pessoas não voltem ao trabalho. Para os 52% dos brasileiros que estão optando por trabalhar em casa, 72% estão fazendo isso pelo receio de contrair a doença no local ou no transporte público. 
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INFORMAÇÃO EM XEQUE

A infodemia que assola as sociedades surge como facilitadora da desconfiança nas instituições e impacta também na confiança em seus líderes e porta-vozes. 

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No Brasil, menos de um terço das pessoas praticam “informação limpa”. De acordo com a pesquisa, para praticar informação limpa, é preciso atender a pelo menos três desses quatro critérios: consumir notícias de diferentes fontes, evitar as bolhas, checar informações e não compartilhar sem antes verificar.

A boa notícia é que, nesta era de desinformação, “expandir conhecimentos” sobre informações e mídia (68+) e sobre ciência (65+) se tornou mais importante para os brasileiros no último ano, só perdendo para “priorizar minha família e suas necessidades” (70+) na lista de preferências. Além disso, encontrar “formas de combater notícias falsas” cresceu 70 pontos em importância para o brasileiro só neste último ano.

RECOMENDAÇÕES 

O Edelman Trust Barometer 2021 aponta que, para avançar na reconquista da confiança, é preciso considerar esses caminhos: 

  1. As empresas devem expandir suas funções, liderando mudanças em questões que vão além do seu negócio, como combate à infodemia e às mudanças climáticas. 
  2.  Líderes precisam se munir de fatos e agir com empatia. 
  3. As instituições devem atuar para fornecer informações de qualidade, que sejam verdadeiras, imparciais e confiáveis. 
  4. É essencial que as quatro instituições não ajam sozinhas, mas encontrem um propósito comum e tomem medidas coletivas para solucionar os problemas da sociedade.